domingo, 29 de junho de 2014

Sexo é Tabu?

Preservativo

Há imensas coisas para falar aqui neste tópico, no entanto, hoje mantive-me na história e evolução do preservativo, em particular, o masculino. Mais tarde falarei de outras matérias relacionadas.

A História

Um manuscrito médico egípcio, datado de 1850 a. C., aponta para a existência de um "preservativo" dos faraós, um pano empapado de mel e excremento de crocodilo. O artefacto, que na verdade era uma espécie de preservativo feminino, era introduzido na vagina da mulher para evitar a gravidez.

Os gregos não ficavam muito atrás. Uma lenda afirma que Procris, filha do Rei Erechtus, de Atenas, relacionou-se com Minos, filho de Zeus, o todo-poderoso. O problema é que o sémen do herdeiro era cheio de serpentes e escorpiões, o que fez com que Procris tivesse que envolver o órgão do rapaz com uma bexiga de cabra. A lenda indica que os gregos já tinham os seus métodos para evitar a transmissão de doenças durante as relações sexuais.

No livro "La Petite Histoire du Préservatif" ("A pequena história do preservativo"), que narra toda a trajetória do artefacto, o jornalista francês Vincent Vidal defende que ele foi inventado apenas no século X, na Ásia. Afirma que os chineses criaram um preservativo usando papel de seda lubrificado com óleos. Enquanto isso, japoneses usavam um acessório de carapaça de tartaruga.
Livro "La Petite Histoire du Préservatif" de Vincent Vidal
Entre a Idade Média e a Idade Moderna, existem vários relatórios médicos que recomendavam a utilização de envoltórios penianos produzidos com linho. Além do tecido, recomendava-se a aplicação de substâncias supostamente medicinais, os chás de ervas, absinto, urina ou partes sexuais de animais eram alguns dos estranhos ingredientes sugeridos como forma de prevenção do sífilis, uma doença no tempo conhecida por "mal francês" ou "mal napolitano".

Na França do século XVII, as menções sobre o uso deste método surgem, mas não com o objetivo de controlar a quantidade de filhos na família. A grande preocupação desse tempo, seja para o homem ou para a mulher, era evitar os infortúnios financeiros e sociais causados com polémicos filhos bastardos. Os preservativos eram feitos de veludo e seda, e eram vendidos de forma clandestina, pois a Igreja já condenava o uso de métodos que impediam a reprodução e incentivavam ao sexo por prazer.
Preservativos do século XVII feitos de tecidos de animais
No século XVIII, as liberdades da Revolução Francesa entre outros fatores, serviram para que os preservativos fossem fabricados e comercializados em maior escala. Ao longo do século XIX, a descoberta dos usos da borracha e o processo de vulcanização permitiram que os preservativos fossem mais resistentes e maleáveis. Algumas farmácias comercializavam os preservativos de forma reaproveitável, com uma garantia de cinco anos.
Preservativo e respetivo manual em latim, em 1813
Em 1839, Charles Goodyear descobriu uma forma de processar borracha natural de forma a torná-la consistentemente elástica, uma vez que é demasiado rígida fria e demasiado flexível quente. Isto viria a ter implicações no fabrico de preservativos, uma vez que ao contrário dos preservativos de origem animal, os preservativos de borracha podiam esticar e não se rompiam facilmente.
A Amante Cautelosa, litografia de 1869. A mulher insufla um preservativo de modo a se aperceber de eventuais orifícios, nesta época os preservativos eram reutilizados diversas vezes.
Até à década de 1920, todos os preservativos eram fabricados à mão por operários pouco qualificados.
Em meados do século XVIII e do século XIX, os preservativos foram feitos enrolando tirar de borracha ao redor de moldes de pénis e depois curado numa solução química
Nas primeiras décadas do século XX, na década de 1920, os preservativos foram severamente proibidos em terras francesas. O grande objetivo da medida era recuperar a população assolada com baixas da Primeira Guerra Mundial e a terrível epidemia de gripe espanhola que assolou o Velho Mundo.

Em 1930 há a fabricação dos primeiros preservativos descartáveis produzidas a partir do látex. Na Europa, a novidade tornou-se um sucesso, ao contrário dos Estados Unidos, onde a produção não teve o mesmo impacto no mercado consumidor.
Preservativo das décadas de 1930 e 1940
Na Itália Fascista e a Alemanha Nazi aumentam as restrições aos preservativos, embora tenham permitido a sua distribuição para a prevenção da transmissão de doenças venéreas. Ao longo da Segunda Guerra Mundial, o uso do preservativo foi amplamente promovido entre os exércitos através de filmes, cartazes e palestras, inclusive por parte da Alemanha, que em 1941 tinha proibido por completo por completo o seu uso entre civis.

Após a guerra, as vendas de preservativos continuam a crescer. Entre 1955 e 1965, 42% dos norte-americanos em idade fértil usavam o preservativo como método preferencial de controlo de natalidade. Em Inglaterra, entre 1950 e 1960, 60% dos casais casados usavam preservativos.
Preservativo reutilizável da década de 1950 em borracha.
A partir da década de 1960, a impopularidade do preservativo aumento com a comercialização das pílulas anticoncepcionais. Com isso, as doenças sexualmente transmissíveis aumentaram até ao final da década de 1970.
O triunfo do preservativo só aconteceu na década seguinte, quando a ação do vírus HIV obrigou milhares de pessoas adotarem um novo processo de educação sexual.
O nome de "Camisa de Vénus" deve-se ao dramaturgo inglês William Shakespeare, que chamou o preservativo de "Luva de Vénus", uma homenagem à deusa do amor, depois em português Camisa de Vénus.
William Shakespeare
Devido à crescente procura e uma maior aceitação social, os preservativos começam a ser vendidos nas mais diversas superfícies comerciais, incluindo supermercados, estações de serviço e máquinas de distribuição automática no exterior de farmácias e em locais de diversão noturna.
Caixa automática de venda de preservativos
O mercado dos preservativos continua a acolher inovações tecnológicas. O primeiro preservativo de poliuretano foi introduzido na década de 1990, e o primeiro com tamanho personalizado foi introduzido em 2003.

Um estudo concluiu que em 2015 os países em vias de desenvolvimento precisarão de 18,8 mil milhões de preservativos.

Mary Sweet

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